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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Marmeleiro e o espírito do copo





Eram três amigos (Ale, Laércio e João) em uma noite de sexta-feira em frente a igreja matriz de Almirante Tamandaré, prontos para mais uma caminhada noturna pelas estradinhas da cidade, mas Laércio aparece com uma nova ideia.



- Piazada, hoje não vai dar para sair, meu pai está cuidando de uma chacára e pediu que eu caçasse um tatu que está acabando com as hortas.



- Mas então vamos todos juntos, caçar o tar do tatu, disse Ale.



E lá se foram os três, chegaram por volta das 9 da noite. Com fome e frio, resolveram se instalar num paiol, onde antes era feito o vinho daquela propriedade, construção antiga, móveis antigos, parecia uma volta ao passado.



Como ainda era muito cedo para caçada, resolveram puxar uma cadeira cada e usar uma tora como mesa. Acenderam o fogão a lenha antigo e botaram uns pinhões na chapa. João puxou de um baralho e começaram um carteado, ficaram umas duas horas nessa labuta. Até que Laércio se levanta, conhecedor do local, vai até uma cozineta e volta com uma garrafa de cachaça. Puxam um copo e continuam no carteado, tomando cachaça e comendo pinhão. De repente ao colocar o copo na mesa Laércio pergunta:



- Lembram da brincadeira do copo na escola?



- Eu nunca acreditei nessa história, respondeu João.



- Eu também não, falou Ale.



- Vamos ver se é verdade? disse Laércio.



Ale parecia amedrontado, mas topou a ideia, João observava incalto, mas em um gole tomou o restante de cachaça no copo e colocou-o virado para baixo sobre a tora.



Os três colocaram as pontas dos dedos no fundo do copo e começaram a perguntar:



- Tem espírito aí?



- Tem algum espiríto aí?



- Espírito você taí?



E nada de espírito se manisfestar. Todos caem na gargalhada, que idiotice pensam. Nesse instante ouvem um barulho de fora da casa e levantam para ver, deve ser o tatu, pensam consigo. Olham pela janela, mas não veem nada. Apenas a penumbra da noite.



Voltam a olhar para a mesa improvisada, e o copo ali parado de cabeça para baixo. Numa última brincadeira um deles fala.



- Espírito?



O copo sozinho se movimenta rapidamente até cair da mesa.






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